John Owen e a Septuaginta

 



Muitas pessoas acham que o texto crítico e a crítica textual afetam apenas o novo testamento, mas isso não é verdadeiro, o Antigo Testamento também vem sofrendo muitos ataques da crítica textual, o Texto Massoretico de Ben Chayyn(Base da KJV, da ACF e das demais bíblias do texto tradicional) vem sendo trocado pelo texto crítico hebraico, que é grandemente baseado na Septuaginta(ou LXX), uma tradução do antigo testamento para o grego que supostamente é anterior a Cristo(digo supostamente pois a única evidencia pré cristã da LXX é a carta de Aristeias, que tem muitas incoerências, e mesmo se fosse verdadeira não significaria que a atual LXX, baseada no códex Sinaiticus, Vaticanus e Alexandrinus seja a mesma septuaginta pré cristã), essa tradução distorce o texto hebraico em muitos locais, criando contradições no texto, removendo referencias à divindade de Cristo e que contem os livros apócrifos do catolicismo e outros.

O Escritor puritano do século 17, John Owen escreveu muito sobre bíbliologia, veja o que ele tem a dizer sobre a LXX:

 "A tradução que ele insiste é a da LXX. Que esta tradução - seja pelos erros dos seus primeiros autores, ( se for o seu nome e número,) ou o descuido, ou a ignorância, ou pior, dos seus transcritores - é corrompida e desviou-se do original em mil locais duas vezes dito , é reconhecido por todos os que sabem alguma coisa sobre estas coisas.

É estranho que uma corrente tão corrupta deva ser julgada como um meio adequado para limpar a fonte; que uma tal regra lésbica deve ser pensada como uma medida adequada para corrigir o original"

-The Works of John Owen, vol.XVI, pág 301

Um desses desvios do original mencionado por Owen é de Jeremias:23:6, que diz:

Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: o Senhor justiça nossa.(ACF)

Esse texto é uma clara referencia à divindade de Jesus Cristo, vemos que ele é o SENHOR(Jeová), que é a nossa justiça, nisso vemos também que nossa justiça é o Senhor Jesus, não temos nenhuma justiça própria, mas Cristo é a nossa justiça, é Nele que somos feitos justiça de Deus pela fé(Is:64:6, 1Co:1:30, 2Co:5:21, Fl:3:9)

Mas a LXX distorce esse texto, sobre isso Owen diz:

  A Septuaginta, muitíssimo pior, [tem o Grego] 

'Kai touto to onoma autou o kalesei auton kurioj Iwsedek',

[que pode ser traduzido assim:]
'E este é o nome com o qual o Senhor o chamará, Josedeque'.
[Josedeque é]  uma palavra corrompida, formada a partir das duas palavras hebraicas do original, e não significa nada, mas foi pervertida como se propositadamente, com o fim de despojar o Messias do Seu glorioso nome, a evidência da Sua eterna divindade"

-Owen, Vol XVII, p 211

Algumas pessoas argumentam que a LXX deve ser utilizada pois os Apóstolos a utilizaram ao invés de usarem o texto hebraico tradicional, mas como já afirmado acima:  "a única evidencia pré cristã da LXX é a carta de Aristeias, que tem muitas incoerências, e mesmo se fosse verdadeira não significaria que a atual LXX, baseada no códex Sinaiticus, Vaticanus e Alexandrinus seja a mesma septuaginta pré cristã". 

E sobre isso Owen afirma em seu comentário aos hebreus: 
A respeito desses e de alguns outros lugares, muitos afirmam com confiança que o apóstolo acenou com o original e relatou as palavras da tradução da LXX. . . . Essa ousadia em corrigir o texto e e esta fantasia sem prova, testemunho, ou probabilidade, de outras cópias antigas da Escritura do Antigo Testamento, diferindo em muitas coisas daquelas que só restam, e que de fato já existiram no mundo, pode rapidamente provar pernicioso para a igreja de Deus. . . . [É] altamente provável que o apóstolo, de acordo com sua maneira habitual, que aparece em quase todas as citações usadas por ele nesta epístola, relatando o sentido e a importância dos lugares, em palavras de sua autoria, os transcritores cristãos da Bíblia grega inseriram suas expressões no texto, seja por julgá-los uma versão mais apropriada do original (do qual eram ignorantes) do que a da LXX., ou por um zelo absurdo de tirar a aparência de uma diversidade entre o texto e a citação do apóstolo. E assim, naqueles testemunhos onde há uma variação real do original hebraico, o apóstolo não tirou suas palavras da tradução da LXX. mas suas palavras foram posteriormente inseridas nessa tradução.

-John Owen, Hebrews commentary, pp. 67-68.

Pretendo trazer mais estudos sobre o tema, mas sobre a questão da carta de Aristeias recomendo a série de vídeos de David.W. Daniels, que estão disponíveis em português no canal investição bíblica, também recomendo o estudo: "Que tal a Septuaginta?" do Pastor David Cloud.

Encerro com as palavras de Owen: 

"Mas ainda afirmamos que toda a Palavra de Deus, em cada letra e título, como dada por ele por inspiração, é preservada sem corrupção."


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

João:1:18, Filho Unigênito

Metodologia Alexandrina?

Irineu de Lyon e Hipólito de Roma e o textus receptus